O Atlas da Violência 2025 revela que 45.747 pessoas foram assassinadas em 2023, último ano de referência no levantamento divulgado na semana passada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Os dados apontam para a menor taxa de homicídios a cada 100 mil habitantes no Brasil no período de 11 anos e colocam os três estados do Sul e dois do Sudeste como os menos violentos do país, além do Distrito Federal.
São Paulo, Santa Catarina, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná possuem os melhores indicadores na primeira escala até 19,9 mortes por 100 mil habitantes e lideram o ranking geral dos estados. Apesar de não entrar no primeiro grupo, o estado de Goiás registrou uma das maiores quedas da taxa de homícidios em uma década com redução de 53,9% entre 2013 e 2023.
O estudo apresenta os dados de “homicídios registrados” e também números de “homicídios estimados”, sendo que no último caso, o Atlas da Violência leva em consideração os óbitos registrados por agressões e ocorrências durante as ações policiais, denominadas como “intervenção legal”.
Seja qual for o cenário, os estados com governadores alinhados à direita possuem os melhores indicadores do país. Confira a lista dos dez estados menos violentos, levando em consideração os dados oficiais de homicídios registrados:
São Paulo
Governador: Tarcísio de Freitas (Republicanos)
Taxa de homicídios por 100 mil habitantes: 6,4
Redução entre 2013 e 2023: 54%
Santa Catarina
Governador: Jorginho Mello (PL)
Taxa de homicídios por 100 mil habitantes: 8,8
Redução entre 2013 e 2023: 26,1%
Distrito Federal
Governador: Ibaneis Rocha (MDB)
Taxa de homicídios por 100 mil habitantes: 11
Redução entre 2013 e 2023: 63,7%
Minas Gerais
Governador: Romeu Zema (Novo)
Taxa de homicídios por 100 mil habitantes: 12,9
Redução entre 2013 e 2023: 44,4%
Rio Grande do Sul
Governador: Eduardo Leite (PSD)
Taxa de homicídios por 100 mil habitantes: 17,2
Redução entre 2013 e 2023: 18,1%
Paraná
Governador: Ratinho Junior (PSD)
Taxa de homicídios por 100 mil habitantes: 18,9
Redução entre 2013 e 2023: 29,7%
Mato Grosso do Sul
Governador: Eduardo Riedel (PSDB)
Taxa de homicídios por 100 mil habitantes: 20,7
Redução entre 2013 e 2023: 17,2%
Goiás
Governador: Ronaldo Caiado (União Brasil)
Taxa de homicídios por 100 mil habitantes: 21,4
Redução entre 2013 e 2023: 53,9%
Piauí
Governador: Rafael Tajra (PT)
Taxa de homicídios por 100 mil habitantes: 22
No caso do Piauí, não houve redução, mas um aumento de 18,3%
Acre
Governador: Gladson Cameli (PP)
Taxa de homicídios por 100 mil habitantes: 23,7
Redução percentual entre 2013 e 2023: 19,9%
São Paulo e Goiás lideram queda de homicídios no Atlas da Violência
São Paulo registrou a maior redução nos índices de homicídios entre 2013 e 2023. A queda de ocorrências foi de 54%, segundo o Atlas da Violência. Em dez anos, o número de homicídios a cada 100 mil habitantes caiu de 13,9 para 6,4. O estado de Goiás teve a segunda maior redução na taxa de homicídios, 53,9%, saindo de 46,4 para 21,4 mortes por 100 mil habitantes no mesmo período.
Os estados com governos conservadores apresentam os melhores indicadores em violência por causa da “revolução invisível”. O termo, segundo o Ipea, refere-se a “um conjunto de ações que visam melhorar a efetividade da segurança pública através de estratégias com base na boa gestão por resultados, qualificação do trabalho policial orientado pela inteligência e programas multissetoriais de prevenção da violência.”
O estudo destaca a criação de ações e programas como o Infocrim, um sistema de informações criminais da Secretaria de Segurança Pública do estado de São Paulo (SSP-SP). O atual governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) assumiu o cargo em janeiro de 2023, sendo responsável pela gestão estadual apenas no último ano do período analisado pelo Atlas da Volência. De lá para cá, o estado paulista registrou nova redução de 5,3% no número de homícios com 3.043 mortes no último ano contra 3.212 no comparativo com o ano de 2022.
A queda em um dos principais indicadores de violência estará presente na campanha eleitoral de Tarcísio de Freitas, seja para reeleição ao governo estadual ou na corrida presidencial de 2026. o secretário paulista de Segurança Pública, Guilherme Derrite (PP), também deve disputar as próximas eleições ao Senado.
Quem também continuará dando destaque para a bandeira da segurança pública é o goiano Ronaldo Caiado (União Brasil), único governador que já oficializou a pré-candidatura à Presidência da República.
Procurado pela Gazeta do Povo, o governo de Goiás respondeu que a variação percentual, ao contrário dos números absolutos, “evidencia o aumento ou diminuição da violência ao longo do tempo” e coloca o estado em destaque no cenário nacional. Ainda segundo a gestão Caiado, cerca de R$ 17,5 bilhões foram investidos em segurança pública desde o início do primeiro mandato do governador em 2019. “Os avanços vivenciados hoje refletem ações tomadas ao longo de todo esse período.”
Santa Catarina é o estado menos violento, segundo Atlas da Violência
Ao considerar a taxa de homicídios estimados, o Atlas da Violência aponta Santa Catarina como o estado menos violento do Brasil. Nesse cenário, São Paulo perde a liderança por não ter registrado 2.277 mortes, de acordo com o critério estabelecido pelo Ipea, que inclui no levantamento as estatísticas de agressões e intervenções das forças de segurança.
“É o resultado de um trabalho sério, planejado, com investimentos efetivos e com foco na proteção dos catarinenses”, afirma o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL). Na avaliação do secretário estadual da Segurança, coronel Flávio Graff, o estado catarinense conseguiu reduzir a taxa de homicídios apesar do contexto de violência no país. “Enquanto o Brasil é reconhecido como um dos países mais violentos do mundo, Santa Catarina segue na contramão desses indicadores. Investimos em planejamento estratégico, integração das forças de segurança, infraestrutura e tecnologia.”
O estudo ainda ressalta a disparidade brasileira em uma comparação dos resultados de Santa Catarina com o Amapá, o estado com maior crescimento na taxa de homicídios estimados por 100 mil habitantes. Enquanto os catarinenses tiveram uma redução de 26,2%, chegando a taxa de quase 9 casos por 100 mil habitantes, o estado no Norte do Brasil teve um aumento de 78,1% do indicador, com 57,7 homicídios por 100 mil habitantes em 2023.
Santa Catarina ainda tem a companhia dos vizinhos Rio Grande do Sul e Paraná entre os estados com melhores indicadores, até 19,9 mortes por 100 mil habitantes. Em 2013, o número de homicídios registrados no estado gaúcho foi de 2.322. Dez anos depois, as mortes caíram 14,7% com 1.981 ocorrências.
No Paraná, o governo Ratinho Junior (PSD) anunciou a redução de 26,3% no número de homicídios dolosos [com intenção de matar] no primeiro trimestre de 2025, no comparativo com o mesmo período do ano passado. Em 2024, de acordo com a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), o estado do Paraná teve os menores índices de criminalidade da série histórica iniciada em 2007.
Entre janeiro e março deste ano, 353 pessoas foram assassinadas em todo o estado. Ainda segundo a pasta, trata-se do quarto ano seguido de queda nos indicadores de homicídios para o primeiro trimestre.
Minas Gerais reduz homicídios em 40%
Governador do estado de Minas Gerais desde 2019, Romeu Zema (Novo) pode afirmar que reduziu a taxa de homicídios em 15,5% durante o primeiro mandato.
No início do segundo mandato, o número de ocorrências foi de 3.153 no ano anterior, que representa 580 mortes a menos em relação a 2018, quando o empresário entrou na política para disputar o cargo mais alto do Executivo mineiro.
No acumulado entre 2013 e 2023, o estado reduziu o número de homicídios registrados em 40,7%, derrubando o número de mortos de 4.717 para 2.795. A pauta da segurança pública também pode se tornar um trunfo em uma possível candidatura de Zema à Presidência da República em 2026.
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